Conheça um pouco mais sobre o destino que foi escolhido como o melhor do Brasil pelo Ministério do Turismo em 2010, o Vale do Pati, um lugar fora do tempo.
Vale do Pati: um passado populoso
Testemunha da evolução ao longo dos anos, o Pati viu seu cenário humano transformar-se. Enquanto hoje apenas um punhado de cerca de 13 famílias habitam suas terras e são sustentadas pelo turismo, no século passado cerca de 2 mil residentes prosperaram no vale devido a economia cafeeira. Vestígios dessa história pulsante são encontrados nas estruturas que outrora abrigaram escola, igreja e prefeitura, algumas agora reconvertidas para acolher os viajantes em sua jornada.
História e povoamento
O início do povoamento do Vale do Pati remonta a mais de um século atrás, durante uma grande seca que assolava a Chapada Diamantina no final do século XIX. As condições climáticas severas forçaram muitas famílias a buscar novas áreas para se estabelecerem, encontrando no Vale do Pati um refúgio propício para a agricultura e subsistência. Esses primeiros moradores aproveitaram as condições favoráveis do vale para cultivar café e outras culturas, estabelecendo uma comunidade próspera que, em seu auge, abrigava cerca de 2.000 habitantes.
Com o passar dos anos, essa população começou a diminuir, especialmente a partir da década de 1960, devido à implementação de políticas governamentais como a erradicação do café e a falta de infraestrutura básica, como escolas e hospitais. Hoje, restam apenas treze famílias no Vale do Pati, que mantêm viva a história e a cultura local através do turismo sustentável.
A Criação do Parque Nacional e o Vale do Pati
A criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, em 1985, transformou significativamente o Vale do Pati. O parque foi estabelecido para preservar a biodiversidade e os ecossistemas da região. Com isso, o vale se tornou um importante destino de ecoturismo, famoso por suas trilhas e paisagens impressionantes.
Muitos dos moradores restantes, descendentes dos primeiros Patizeiros, adaptaram-se à nova realidade, oferecendo serviços de guia e hospedagem para turistas. Essa mudança ajudou a revitalizar a economia local e a proteger o ambiente natural.
A criação do parque mostrou como é possível combinar conservação ambiental com o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Apesar dos desafios do passado, o espírito resiliente da comunidade e a conexão profunda com a terra permanecem intactos. Hoje, os habitantes do Vale do Pati honram a história de seus antepassados, mantendo viva a tradição e compartilhando-a com os visitantes que buscam compreender a rica tapeçaria de sua história.
Transporte no lombo
O Pati é um território vedado a veículos motorizados, deixando as trilhas como única conexão com o mundo exterior. A jornada de entrada e saída, seja de provisões, móveis ou até mesmo resíduos, é uma empreitada humana ou impulsionada por mulas. Essa particularidade exige que os visitantes adotem a responsabilidade de repatriar todo o lixo seco transportado para o vale
Um destino, muitos caminhos
Os caminhos para o Vale do Pati partem de três pontos principais: Guiné, Andaraí e o Vale do Capão. Cada entrada proporciona uma experiência única, seja pela paisagem circundante, pela comunidade local ou pela própria jornada para chegar lá.
A trilha para o Vale do Pati saindo do distrito do Guiné é a opção mais utilizada atualmente, pela facilidade na logística da trilha.
Outro acesso para o Pati, menos utilizado devido a distância, é a cidade de Mucugê
Turismo de base comunitária
O turismo de base comunitária é uma forma de turismo que pode trazer inúmeros benefícios para as comunidades locais. Além de envolver as comunidades locais na gestão e no desenvolvimento do turismo em suas regiões, esse modelo de turismo pode contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades, gerando renda e emprego para a população local, incentivando a conservação do meio ambiente e da cultura local, e fortalecendo os laços sociais e comunitários.
Ao permitir que as comunidades locais sejam as protagonistas do processo, o turismo de base comunitária pode trazer uma série de vantagens em relação a outros modelos de turismo. Uma dessas vantagens é a possibilidade de garantir que as atividades turísticas sejam realizadas de forma responsável e sustentável, levando em conta as necessidades e os interesses das comunidades locais e evitando danos ao meio ambiente e à cultura local.
Além disso, o turismo de base comunitária pode contribuir para a diversificação da economia local, reduzindo a dependência de atividades econômicas que possam ser prejudiciais ao meio ambiente e à qualidade de vida da população local. Isso pode ser particularmente importante em regiões que dependem de atividades como a mineração ou a exploração de recursos naturais, que podem ter efeitos negativos na saúde e no bem-estar das comunidades locais.
Outra vantagem do turismo de base comunitária é a possibilidade de valorização da cultura local e do patrimônio cultural da região. Ao envolver as comunidades locais na oferta de serviços turísticos, é possível mostrar aos visitantes a riqueza e a diversidade cultural da região, contribuindo para a preservação e a valorização do patrimônio cultural.
Por fim, o turismo de base comunitária pode contribuir para o fortalecimento dos laços sociais e comunitários, ao envolver as comunidades locais em um projeto conjunto de desenvolvimento sustentável. Isso pode levar a uma maior coesão social e a uma maior participação cidadã, além de contribuir para uma maior compreensão e respeito entre diferentes grupos sociais.
Em resumo, o turismo de base comunitária pode ser uma forma eficaz de promover o desenvolvimento sustentável das comunidades locais, gerando renda e emprego para a população local, incentivando a conservação do meio ambiente e da cultura local, e fortalecendo os laços sociais e comunitários. Ao envolver as comunidades locais na gestão e no desenvolvimento do turismo em suas regiões, é possível garantir que as atividades turísticas sejam realizadas de forma responsável e sustentável, levando em conta as necessidades e os interesses das comunidades locais.